Não
faltam análises, desabafos, críticas, denúncias, etc., sobre o que o cantor
Thalles fez nos últimos dias, mas fico a
pensar: O que aconteceu não seria apenas
o surgimento da ponta do iceberg? Estamos indignados com Thalles, ou conosco?
Seria ele o nosso reflexo no espelho? Seriam as palavras dele, o boiar, de algo
apodrecido, que até então esteva preso no fundo da lagoa gospel? Será que
estamos revoltados com o que ele disse, ou por que ele disse? Agora surgem os
engenheiros de obras acabadas, os profetas, os indignados, mas onde estávamos
antes, talvez aplaudindo e dizendo, “tem nada não, é assim mesmo, quem é que
não peca”? Será que alguns não estão aproveitando a desgraça do outro, para se
projetarem e serem conhecidos ou relembrados como “cheios de graça”? Poucos
viram, e uma quantidade ainda menor, alertou que o barco estava indo ao
encontro dos arrecifes. Seria este o único barco? ou estamos esquecendo as
exigências de toalhas brancas, mesas postas, carros de luxo, hotéis de várias
estrelas, cachê de milhares e milhares
de reais, aplausos, luzes, palcos, etc. etc. etc., para pregarmos ou cantarmos?
Será que não nos achamos acima da média por não termos feito o que ele fez? talvez
ele tenha trazido a tona o que não queríamos que viesse. Aprendi com meu pai
que “o corrupto e o corruptor coexistem”. As vezes focamos tanto no corrupto
(que está errado), que esquecemos do corruptor que também está errado. Será
que não nos achamos acima da média por que não somos como este pecador, jejuamos
algumas vezes por semana, oramos três vezes
ao dia, não falamos (mas as vezes pensamos) o que ele falou? Será que não nos achamos acima da
média por nosso conhecimento, oratória, tamanho
da igreja, apresentação na mídia, arrecadação de dinheiro, prestação de serviço
aos carentes, conhecimento bíblico, títulos
acadêmicos e eclesiásticos, rede de relacionamentos, quantidade de igrejas que
plantamos e células que cuidamos, milagres que vimos, dons que recebemos, ministérios que exercemos,
teologia que adotamos, quantidade de tempo que oramos por dia e jejuamos por
semana, e coisas destes e outros gêneros? Creio que este momento embora duro e
difícil de ser administrado, pode ser um divisor de águas, tanto para a vida do nosso irmão Thalles, quanto para a Igreja, nos levando a pensar no que temos desejado, sonhado, construído, aplaudido, buscado, fomentado, tanto em nós quanto nos outros, pois podem existir outros barcos navegando em direção ao
mesmo, ou a outros arrecifes da vida. Que o Senhor tenha misericórdia de Thalles
(pois ele errou e sofrerá as consequências), de mim e de você, pois “ Aquele, pois, que
pensa estar em pé veja que não caia.” (1 Coríntios 10:12 RA) e não
esqueçamos que podemos ter ciscos ou até mesmo traves em nossos olhos. Oremos
por quem caiu e por quem pode cair. Ah! não pensemos que por denunciar o que o
outro fez, estaremos isentos aos olhos daquele que a tudo vê.
“ Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes
as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus? Ou desprezas a riqueza
da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus
é que te conduz ao arrependimento? Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra
ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um
segundo o seu procedimento: a vida
eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e
incorruptibilidade; mas ira e indignação
aos facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça. Tribulação e angústia virão sobre a alma
de qualquer homem que faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego; glória, porém, e honra, e paz a todo aquele
que pratica o bem, ao judeu primeiro e também ao grego. Porque para com Deus não há acepção de pessoas.”
(Romanos 2:3-11 RA)
Pr. Almy Alves Junior